Nas vésperas
o Sol mudara de aparência...
Uma Primavera de Abril...
Andorinhas a voarem sem nuvens
na transparência
de um céu de anil.
Havia uma poalha translúcida,
uma poalha que transmitia esperança
que entontecia
uma multidão lúcida
que esperava o sinal inquieta
como se fosse uma criança
com a loucura dum poeta.
E a rádio às tantas
tocou a Grândola e o Adeus
quando a madrugada ainda escondia
a abertura dos céus.
Chegava o novo dia...
25 de Abril...
Os calendários quiseram parar,
a pomba branca
substituiu a andorinha,
os sorrisos abriram-se,
a história já tinha uma alavanca
de bem-querer,
de não dobrar a espinha.
Dava-se o milagre da elevação:
olhos atónitos,
tantas fardas,
tantas fardas,
e mais pombas brancas
e ainda
cravos vermelhos enfiados
nos canos das espingardas...
Fernando Barão, Caderno n.º 45
terça-feira, 19 de agosto de 2008
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