quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Anelo

Há quanto tempo estou já sem te ver?
A Vida assim o quer. Mas até quando?
Terei feito eu pecado tão nefando
que nem sequer perdão vai merecer?

No fundo, bem no fundo do meu ser,
e a dor de te não ver vai aumentando;
os dias, dia a dia, vão passando
– e a dor sempre a crescer, sempre a crescer.

E agora enrodilhou-se-me à razão,
e o ver-te é mais que um qu’rer, é obsessão,
tão forte como um pão de subsistência!

... E, embora ateu, eis-me a rogar na igreja
que a hora de te ver tão perto esteja
quão longa foi a dor da tua ausência!


Bernardes-Silva, Caderno nº 8

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