quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Silêncios II

é com o olhar sempre em ti
que revelo este silêncio
e é estando sempre aqui
que me sinto bem propêncio

é aqui e é ali
o meio da desventura
alguém que fica aqui
crendo na tua candura

e és fêmea,
livre e fogo
esperança e fôlego também
és etérea
livre e logo
és graça, calma e bem

és um pouco, Lua decerto
como a teu nome convém
longe então eu desperto
e a Lua olho também

no olhar nada pago
tudo fico a dever
pois o meu olhar vago
espera ainda ver-te aparecer

tiro então mais um fôlego
da vida que não paguei
a minha, esta que logo,
é toda tua por lei

se a verdade só fosse escrita ...
tudo se poderia dizer
porém, penas bem dita;
é verdade sem morrer.


João Mota, Caderno nº 10

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