domingo, 19 de outubro de 2008

Soneto autobiográfico

o dia em que eu nasci foi sexta-feira
às sete da manhã nesses brasis
onde o calor e o mar tornam febris
os lusos que lá vão. nasci à beira

do pino do verão, da verdadeira
causa do fogo e ali fui petiz
durante um certo tempo: era feliz
e davam-me por certo sol na eira

e chuva no nabal: davam-me o mundo
perfeito ar de príncipe encantado
futuro presidente desse estado.

tudo isso era engano e bem profundo:
da vida não vi mais que um estar calado
ando perdido na terra do fado.


Affonso Galo, Caderno nº 1

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