Chegou de mansinho a noite mais escura,
Tão mansa que não dei pela chegada,
Tão negra que não vi a alvorada
Brilhar na minha própria sepultura
Sou eu que sou a noite mais escura,
Sou a desgraça toda, sou o nada,
O nado morto em noite consoada,
Sou um resto de dor e de amargura.
Sou alguém que viveu sem ser criança,
Sou o poeta falhado, o sem esperança,
O que veio ao mundo só para chorar.
Se sou assim, então, p’ra quê viver?
Será que existo só para morrer?
Ou é que eu vivo só p’ra te cantar!?
Oeiras, 02/01/1986
Nogueira Pardal, Caderno nº 33
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