segunda-feira, 24 de novembro de 2008

A noite

Por vezes, a noite torna-se
na mais longa estrada a percorrer.

Estou dentro dela. Da noite.

Dentro do seu vazio silencioso
que de mim se acerca
com indizíveis passos.

Dentro da sua solidão imensa e infinita
onde me perco,
embriagado por esta noite sem brilhos.

Recordações que surgem.

Que fazem gritar de dor
o corpo ferido
pela lança invisível do destino.

Ainda há um instante atrás
eu era uma criança
dentro deste sonho.

Estou dentro dela. Da noite.

E só sinto
a alvura do frio...


Alberto Afonso, Caderno nº 36

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