Sozinho em minha cama, já noite alta,
partiu-me o pensamento à desfilada
montado numa potra, tresloucada,
veloz, que tudo corre e tudo salta.
E então nós dois, sozinhos, em ribalta
que estava intensamente iluminada,
dissemos p’ra a plateia que era errada
a ideia de que amarmo-nos é falta
E, logo acabámos, um trovão
de aplausos, “vivas”, “bis”, de incitamento,
mostrou que as gentes pulsam por quem
[ama.
Porém a potra, em face à multidão,
‘spantou-se e estatelou-me o pensamento
– e eu vi-me outra vez só na minha cama.
Bernardes-Silva, Caderno nº 8
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