Teus lábios, firmemente, sem tremer,
os beijos que quis dar-te congelaram;
teus olhos jovens fundo penetraram,
aqui, ali e além, todo o meu ser.
Não sei o que por lá puderam ver,
mas sei que depois disso adoçaram,
e que mais tarde os dedos enlaçaram
e contra o meu senti teu corpo a arder.
Depois surgiram sonhos de porvir;
depois surgiram beijos sem parar;
depois ...depois disseste: “deixa-me ir” ...
... E eu (louco!) deixei-te ir! ... Para ficar
de mãos e alma vazias e a fremir,
e nada mais que a noite p’ra me agarrar!
Bernardes-Silva, Caderno nº 8
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