quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Cartas com mãe dentro

A tarde já caiu, com sombrinhas de cortinados.
Às vezes faz frio.
Às há folhas de Outono molhadas.
E tu entristeces a olhar o rio e o tempo que passou.
A tua menina está longe...do outro lado do rio.
À distância de um barquinho.
À distância dos teus braços estendidos em abraço-laço.
Às vezes não faz frio.
Há um Verão suave no teu coração.
E corres para o correio.
E escreves cartas que já não se usam, neste tempo de e-mails.
E vais aos teus eternos vasos de manjericos.
Há sempre manjericos nas tuas cartas.
Inspiro fundo o perfume suave que chega até mim.
Há folhas secas mas verdejantes, nas tuas cartas.
Nas tuas cartas... há sempre um pedacinho de manjerico e ti, mãe.
Um suave perfume, discreto e doce como tu.


NIA, Caderno nº 24

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