segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Mãe

Ainda sinto a tua mão na minha!...
Aquele momento tão nosso,
em que o amor do mundo
cabia todo em nossas mãos!

O silêncio das palavras no olhar.
A dor escondida no teu peito...
E tu dizias: Está tudo bem meu filho!

E eu não pensava: Não pensava que o fim de uma vida,
estivesse tão próxima de terminar.

E tu sorrias,
sorrias, por trás de uma máscara de oxigénio
que te cobria a face imaculada,
como se a doença já não te incomodasse.

Eram oito da noite.

E eu dei-te um último beijo!

O teu olhar seguiu-me
como se estivesse a despedir-se do meu.

E eu sentia a tua mão na minha!

Agora descansa...

Até amanhã Mãe!...


Alberto Afonso, Caderno nº 36

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