quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Adormeci num sonho como chama incandescente

Adormeci num sonho como chama incandescente
suave estrela de alva.
Agora ... viajo inconstante
por vales de tamanho assombro

Grandioso astro iluminando o tempo,
o tempo ... sem destino corre

Alucinação de ser
mentira de existir.

A árvore ...
Mãe criadora o teu canto
cria e sublima a vida.

A verdade de sentir
quando sobre mim a chuva se debruça
beijando-me suavemente
e enlaçando-me no seu terno abraço

Doce ser...!

O sentir de uma verdade omitida ...
O tocar os astros com os dedos sujos
desta carne perversa

O eterno agora ...
A fome do desesperar por um eterno agora.
O falso eterno e a verdade pura
coexistindo sem se tocarem
transportando as asas decepadas
que nós decepámos
todos, todos, todos,
as agoras,
sem sentir,
mentindo com a mente doente,
mente demente que mata o sonho
e atrocida a vida.
E nos esconde, que a realidade
é uma só.
A da escravidão,
escravos de nós
numa prisão sem grades,
sem cheiro,
uma prisão atroz,
invisível,
dentro de nós.
Acomodados e satisfeitos
escravos da mente.


António Boieiro, Caderno nº 5

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