Sonho o tempo em memórias
de faces imperceptíveis,
espectros de cores douradas
cavalgando e corcéis.
Liberto-me da carne
em espasmos incandescentes,
vislumbro a luz enorme
de emanações celestes.
Sangro a vida
em espaços sagrados
com a alma despida
e os olhos vendados
Insano grito já sem a voz
a palavra ecoante
por entre o mundo atroz
mas já ninguém a sente.
Do cálice eu bebo
O líquido de amargo sabor
Abandonando o soberbo
Abraço assim a dor.
António Boieiro, Caderno nº 5
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