quarta-feira, 22 de outubro de 2008

A porta...

A porta...
A porta encontrava-se
na mais imensa das florestas.
Sinto ainda as veias a gritar
perante a dor dos cortes
provocados por exércitos de espinhos.
Mas eu vi ...eu vi, a Porta,
na mais longínqua das florestas
Ali, prostrada ...
Fechada, calada, sublime, enorme ... a Porta.
Toda a minha vida a procurei;
em antros de dor,
em céus de vermelho manchados,
em rituais de tempos sagrados,
em mundos esquecidos,
em ilusões de realidades incertas,
em êxtases de carne,
em espasmos de volúpia,
em cálices de loucura,
nos meandros do ser,
no labirinto da mente, caminhei ...
percorri os caminhos assombrosos do sonho ...
Eu fui pesadelo ... Procurei ... A Porta?
A velhice do meu corpo se apossou.
Já sem forças gritei: A Porta?
Finalmente, a Porta.
E eu sem chave para a abrir ...


António Boieiro, Caderno nº 5

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