1. MAIS
E as curvas da cidade os peregrinos
sorrisos e as manhãs de hastear
palavras coloridas são meninos
na avenida imensa de asfaltar
minha vigília imersa com corais
devolutos no sono que há no Mar
longínquo inicial: originais
meditações seus ramos de embalar
caladas profundezas de assembleia
que acompanha o tempo com as mortas
inclinações mutáveis do instante
em alamedas pálidas de areia
com seus cristais imensos que são portas
e vozes frágeis na maré vazante
2. COR-DE-ROSA E CARVÃO
E é rua a cor-de-rosa e a carvão
com esmeralda e anil: é nome de ilha
oculta ao perceber a tua Mão
em cabala de riso e maravilha
Linha perfeita forma transparente
vibrante nas amareladas sombras
deste silêncio trémulo vertente
em vestígio de água que me encontras
ao habitar um vale sem ruído
interno de paisagem: luz boiando
ao pressentir da húmida estação
nos súbitos olhares sobre o vidro
suspenso como asa povoando
de brilho fluorescente a escuridão
3. O CÉU
Mas na remota espira solitária
dos ecos ancestrais o vulto inteiro
do Horizonte nace e a calendária
ordenação da Luz fluiu primeiro
ao encontrar da voz e do mistério
no navegar da terra que floria
à tempestade em negro ar aéreo –
oscilação das hastes com o dia
não decifrado ao lampejar do ano
imaterial de oferecer o peito
vestido só com Águas e suave
viagem vertical meridiano
de espuma mas no céu: sem outro leito
que um destino tropical de ave.
4. CHUVA NO BREJO / ÁGUA TAMBÉM É MAR
É o sono o sopro uma ânsia nocturna
com vida à Guanabara: sombra humana
de percorrer a infância taciturna
do gesto em cada sonho a fresta urbana
que entorna o espaço ignoto e profundo
«PISAR COM TACTO NESSE LITORAL» -
segredos de Água diluído mundo
das luzes sobre a linha atemporal
ao longo de Ipanema no caminho
de prolongar nereides: Águas rasas
pelos vidros reflexos com a cor
de horas estreitas sossegando as casas
do lato do terraço mais sozinho
à chuva com o plânton incolor
António José Coutinho, Caderno nº 25
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