Campo sereno de murtas e amores-perfeitos, silvestres.
Sol fervente e dolorido, com olhares faiscantes.
Nuvens com lágrimas de lavar.
Alma taciturna com calma aparente.
Mãos apertadas, jazidas em campos de nada, dormentes.
Ovelhas, cordeiros e cabritos, ruminando lentamente...
Trovão e faísca desentranhando um céu fechado.
Ribombar demente de injúrias e pedras de culpa.
Céu aberto, sangrando.
Alma furibunda, desventrada.
Touro enraivecido pulando a cerca.
Cerca estilhaçada por anos e anos de abandono.
Campo solto sem eira nem beira.
Ervas secas de queimada forçada.
Cerca explodida e afastada.
Aqui e ali... Renascerão mais uma vez,
num ciclo de vida teimoso e persistente...
murtas e verdes... verdes e amores-perfeitos, silvestres.
NIA, Caderno nº 24
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