Sessenta anos depois já não sou eu
Sou um outro qualquer que a vida fez,
Que o filho do carpinteiro que nasceu
P´ra carpinteiro, perdeu-se de vez.
Porque é que o carpinteiro se perdeu?
Porque é que a sua vida se desfez?
Porquê nada de bom aconteceu
A alguém que só quis ser português?
Ser português inteiro, saber ler
E escrever e sorrir e até cantar,
E ter pão e ter voz, ter liberdade!
Sessenta anos depois resta-me ter
A vã esperança de vir a encontrar
O homem que sonhou ser só verdade.
Cova da Piedade, 23/08/1999
Nogueira Pardal, Caderno nº 33
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