A casa...tinha a alma partida...
As paredes suavam frio,
um suor escorrido e doloroso.
Quem morava nela,
Não tocava as paredes com as mãos,
Não gemia por amor...
Não se aconchegava em nenhum recanto.
As janelas cerradas
bolorizavam um ar carrancudo e desconfiado.
Um dia de trovoada,
as janelas tremeram...as vidraças estalaram,
o vento entrou.
Entrou e sacudiu a casa, nas suas profundezas.
O vento sabe o que quer.
Umas vezes calado...outras anunciando o céu.
Um céu azul ou chuvoso... mas céu.
A casa estremeceu e sorriu.
Quis ser penetrada pelo sol.
E o sol entrou na casa.
Casa e sol confundiram-se num só.
Rebolaram das mesas,
cinzeiros pensativos e stressados.
Partiram-se bibelots inúteis.
E , de janelas abertas de par em par...
Sol e casa nunca mais se apartaram.
E nas paredes de fora da casa,
junto às janelas...
nasceram as flores.
As flores amarelas de sol...
Amarelas de quente de sol e de casa.
Sorri a casa e o sol.
Sorriem as flores....
E, por ali ficam, vivas, sorridentes,
amarelas e quentes...
NIA, Caderno nº 24
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