segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Os sem abrigo

Chegam quase sempre sem se dar por eles.

Julgo que são anjos sem rosto
que vagueiam como sombras abandonadas,
que a noite encobre dos olhares.

De onde me encontro,
assisto a cada gesto iniciado
que estes dão de si,
perante a magreza vincada dos olhares.

Procuram sem descanso,
em cada recanto ou rua de Lisboa,
as mãos famintas deste mundo
que aguardam quase inconscientes
que outras feitas de vontade
se abram às suas,
frias, sujas... talvez trémulas,

os sem abrigo.

Como os esconder
dos olhares,
se o dia for de luz.


Alberto Afonso, Caderno nº 36

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