domingo, 23 de novembro de 2008

Resto de vida

Nesta vida vazia em que me gasto
Vou construindo a vida que não vivo
E o ideal de sonho que persigo
Perde-se ao longe sem deixar um rasto.

E neste caminhar em que me arrasto,
Nesta luta de mim para comigo
Eu parto e fico ainda mais vencido
Que para mim de mim é que me afasto.

E vou gastando a vida que não tenho,
E vou perdendo a luta em que me empenho,
E vou ... e vou ficando sempre assim ...

E este resto de vida que me resta?
Ah! Vou gastá-lo porque já não presta
Pois dei-te tudo quanto havia em mim!


Nogueira Pardal, Caderno nº 33

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